terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fome no Brasil

Na estimativa mais otimista, feita pelo governo federal, cerca de 20 milhões de brasileiros passam fome. Na pior das hipóteses, sugerida pelo Mapa do Fim da Fome no Brasil da Fundação Getúlio Vargas, o problema mais que dobra de tamanho: 50 milhões seria o número de miseráveis que não têm o que comer.



É o fundo do poço. É a pior, a mais cruel forma de exclusão social que alguém pode sofrer. Passar fome é não ter renda suficiente sequer para cobrir uma das necessidades mais básicas do ser humano: comer. Para se manter em pé, o corpo humano precisa, em média, de 2.000 a 2.500 calorias diárias. É uma situação-limite, em que não dá para tapear o estômago: 100 calorias abaixo desse patamar por dia e já se vive com uma fome crônica e se é vítima das conseqüências que a subnutrição traz à saúde, como o fraco desenvolvimento físico e intelectual do indivíduo.
No Brasil, os famintos se contam às dezenas de milhões. A pesquisa mais contundente já feita sobre o problema, o Mapa do Fim da Fome no Brasil, foi lançada em julho de 2001 pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Coordenado pelo economista Marcelo Cortes Néri, esse estudo calcula que temos 50 milhões de indigentes. Esse é o nome que se dá às pessoas que sobrevivem com menos de R$ 80 mensais, valor mínimo para garantir o pão de cada dia segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O número representa cerca de 30% de todos os brasileiros. É como se toda a população dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, estimada pelo IBGE em 1998, passasse fome. A situação é tão dramática que o suíço Jean Zigler, relator especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, concluiu que o Brasil não garante a seu povo esse direito, assegurado pelo Pacto Número 1 da ONU. 
Jean Zigler atribuiu três causas à fome: o latifúndio e a concentração de terras, a baixa renda da população e a falta de uma política integrada na área social para atender as pessoas mais vulneráveis, incluindo as crianças. Essa opinião está de acordo com o estudo da FGV, ao menos no que se refere à infância. O levantamento afirma que 45% dos nossos indigentes têm menos de 15 anos.

http://www.aprendebrasil.com.br/noticiacomentada/020627_not01.asp